Síndrome de Disfunção Cognitiva - SDC para os íntimos -, sinônimo de Disfunção Cognitiva Canina (DCC), ou ainda Alzheimer Canino (pronuncia-se 'alzáimer' em português).
Mas, afinal de contas, o que é isso?
"A disfunção cognitiva canina consiste num conjunto de alterações de comportamento em cães geriátricos que não são atribuídas a doenças", logo, é necessário que se faça um estudo de cada caso junto ao médico veterinário para um diagnóstico preciso. Em relatos da internet, vi que é comum que cães com 10 anos ou mais comecem a apresentar os sintomas da SDC, e o desenvolvimento dessa síndrome depende muito de cada animalzinho e dos cuidados que os proprietários têm com eles. Um cão pode ser classificado como geriátrico a partir dos 7 anos de idade.
"Estas alterações [de comportamento] podem ser de 4 categorias:
- Alteração de interação social;
- Alteração dos hábitos de treino em casa;
- Desorientação;
- Alteração dos ciclos de sono/atividade."
Para ficar mais claro, vamos dar uns exemplos de como essas alterações podem se manifestar:
- Trocar o dia pela noite (dormir de dia e ficar acordado durante a noite);
- Andar compulsivo (sem parar e sem rumo);
- Se perder dentro de casa, ou andar em uma direção e de repente mudar para outra;
- Fazer xixi ou cocô fora do lugar habitual;
- Irritabilidade: geralmente o cachorro não quer brincar, não quer carinho, e/ou sai de perto nas tentativas de aproximação (é bom que se tome cuidado com este sintoma, pois alguns animais chegam a ficar agressivos);
- Ficar apático, não 'fazer festa' quando alguém chega ou não se empolgar antes do passeio;
- Ficar prostrado, ou seja, olhando num ponto fixo no espaço ou de cara com a parede por muito tempo;
- Entre muitos outros comportamentos diferentes do habitual de cada cãozinho.
A combinação de dois ou mais destes sintomas é que pode dar o diagnóstico da SDC.
É claro que devemos levar em consideração que o metabolismo do seu amigo velhinho já não é mais o mesmo, então é super normal que ele durma mais, coma menos e não tenha disposição para brincar toda hora como antigamente.
Segundo orientações da neurologista lindafofa do Boomer (se ela deixar, depois eu faço propaganda aqui, rsrsrs!), a SDC-DCC-Alzheimer é degenerativa e não tem cura, e isso é causa de desespero para muitos papais e mamães, mas não é para tanto. Existem inúmeras maneiras de contornar a SDC e até mesmo retardar o seu desenvolvimento com drogas e hábitos saudáveis para ele/ela. Estimular a atividade cerebral com brinquedos, brincadeiras, passeios, e tudo o mais que o peludo gosta é uma forma eficiente e natural de ajudar seu amigo. Então, comece logo a exercitar sua paciência e seu altruísmo, e mãos à obra!
No entanto, sejamos realistas. Como diz meu pai: "o corpo tem prazo de validade", então é importante que todo papai/mamãe de velhinho tenha em mente que alguma hora nossos amigos precisam 'descansar' depois de nos dar tanto amor, carinho e momentos de alegria, e [pelo menos tentar] aceitar este fato é fundamental para se manter a calma e o bom senso.
O lema agora é "Qualidade De Vida"!!
O Boomer tem a maioria (se não todos) desses sintomas, e talvez mais alguns. Isso não aconteceu de uma hora para a outra, como eu já contei para vocês aqui, e tem sido bem acompanhado desde os 11 anos dele. Ele não tomava remédios para a SDC até pouco tempo atrás (três dias, para ser mais exata), nós sempre contornamos a situação com brinquedinhos de petisco, muito amor e carinho quando ele tem alguma dificuldade de locomoção, ou se perde em casa, e pretendemos continuar fazendo tudo isso.
Há três dias então ele começou a tomar uns remedinhos que vão ajudar a aliviar esses sintomas da SDC, mas que têm foco em outras coisas, como, por exemplo, evitar novas convulsões.
Ele tem um quadro {nossa, falando assim até parece super grave} que parece ser bem comum nos cachorros velhinhos de médio/pequeno porte: hipertensão e SDC. Qual o problema disso?
O problema maior, que tem nos levado ao vet muitas vezes nos últimos tempos, é que, com a SDC, os vasos sanguíneos já não são "aquela brastemp" em flexibilidade/elasticidade {não sei que termo se usa para vasos sanguíneos...rsrs}, e, com a hipertensão, ele tinha {espero que os remédios deem conta e não tenha mais} uns picos de pressão alta. A oxigenação do cérebro já não está das dez mais, com picos de pressão e irritabilidade/stress/seilá, o resultado é convulsão e, dessa vez, aquele hifema horroroso.
Então, queridos amigos, prestem atenção aos seus velhos! Procurem informação sobre as doenças e meios de amenizar os sintomas e tratamentos. Levem seus peludos ao veterinário {quando você ou algum parente fica doente, não vai ao médico? Então...}. Existem muitos veterinários com preços acessíveis {o hospital veterinário da USP, por exemplo, oferece um monte de procedimentos gratuitos}, alguns seguros (de carro, até onde eu sei) oferecem idas a veterinários conveniados gratuitamente, etc, etc, etc. Se informe! Seu amigo conta com você, e, citando a célebre sentença de Antoine de Saint-Exupéry:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
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Todas as informações específicas (entre aspas) foram retiradas do artigo "Alzheimer canino?", publicado pela Direcção Clínica da CVQA, da Clínica Veterinária Quinta do Anjo (Portugal). Para ler o artigo (pdf) na íntegra, clique aqui.
Vale sempre lembrar que minha opinião é baseada nas experiências com o Boomer. Não sei absolutamente nada de medicina veterinária, ok? Se você se identificar e achar que seu cachorrinho(a) se encaixa em alguns desses padrões de comportamento, aconselho fortemente a procurar um médico veterinário.